A ILHA DAS AFEIÇÕES Poemas © Círculo de Poemas. Brasil. 2023 A Ilha das Afeições faz parte da nova série de plaquetes do Círculo de Poemas. Nela, escritoras e escritores são convidados a escolher o mapa de um lugar — real, inventado, desejado — e escrever a partir dele. Na melhor tradição de Luiza Neto Jorge e de Adília Lopes, os poemas de Patrícia Lino transformam a camoniana ilha dos amores a partir de um ponto vermelho: ilha que, ao encontrar outras ilhas, se torna arquipélago, ou melhor, continente. O mapa, de autoria da poeta, também acompanha a edição. Círculo de Poemas A MÍMICA DAS ONÇAS
Micro-conto + desenhos da autora © Edições Macondo. Brasil. 2023 Os ameríndios não se moviam como os europeus porque tinham o poder de ser onças. BARRIGA AO ALTO Tradução © Edições Macondo. Brasil. 2023 É nesse ambiente de muito dizer e pouco significar que Stein também nos apresenta uma proximidade com o ambiente doméstico das amantes, em que situações íntimas são apresentadas aos leitores não iniciados na intimidade das duas, bem como paisagens e conversas entrecortadas, em que não sabemos quem enuncia, quem recebe, o que é pergunta e o que é resposta. Também por isso alguns críticos leem Barriga ao alto como uma produção poética majoritariamente queer, na qual o estranhamento, mais do que fechar portas à leitura, convida à entrada no universo lésbico sem barreiras, junto da conversa infinita do feminino e do jorro verbal entre o gozo e a retenção. Otávio Campos A BARRIGA NO AR Tradução © não edições. Portugal. 2023 A peculiaridade do conjunto verbal “Lifting + Belly” antecipa e confirma a inclinação, estratégica e metódica, de Stein para brincar com as palavras. Ao não significar absolutamente nada, significa, inversamente, todas as coisas e dá, ao mesmo tempo, nome ao poema de amor lésbico mais extenso e divertido do último século. O prazer e os perigos de brincar estendem-se não só às que o lerem, mas sobretudo às que o decidirem traduzir. Há, claro, nessa volatilidade semântica a sugestão do desejo, que vai e vem, e se transforma tão humorística quanto afetuosamente, entre gracinhas, discórdias e afirmações inconclusivas, a partir da sobreposição anónima e intrincada de duas vozes investidas em comunicar. E tal como se assemelha ao balbucio das crianças, que degustam as qualidades múltiplas do verbo, o jogo da comunicação pela comunicação aproxima-se também do fazer chistoso do poema que, como o amor, é avesso a definições. RECICLAGEM DO PODER Poema, Ensaio & Entrevista © Mariposa Azual. Portugal. 2022 "Acredito, além disso, que, depois do seu foco pátrio, circunscrito às barreiras do Estado, o futuro da luta feminista será, cada vez mais, internacional e avesso ao poder do regime. Um exemplo concreto? Sem esquecer o enorme poder da internet, não duvido que a força dos laços anti-hegemónicos criados pelas jovens latino-americanas que, ao descartarem as fronteiras dos seus respetivos países, nunca comunicaram tanto como hoje, invadirá lentamente o país dos navegadores através, sobretudo, do visível aumento da imigração da mulher brasileira ou latino-americana para Portugal." Patrícia Lino em entrevista a Mónica González García |
AULA DE MÚSICA Poema em quadrinhos © Capiranhas do Parahybuna. Brasil. 2022 AULA DE MÚSICA é um poema em quadrinhos escrito e desenhado pela poeta portuguesa Patrícia Lino. Tendo como ponto de partida a releitura da relação entre Orfeu e seu irmão menos conhecido, Lino, o poema traz elementos presentes na linguagem da poeta, como a ternura e o humor, mas também uma faceta até então inédita de Patrícia Lino: a de quadrinista. A edição conta com o texto original, em português, e com versões em espanhol e inglês. "Se o poema “Aula de música” reconta o pouco conhecido mito grego de Lino, o HQ Aula de música faz um movimento de recontagem tanto do poema que a si próprio deu origem quanto do mito que originou o poema. Ao que parece, o HQ Aula de Música opera ora no furto de uma poética já validada pela lógica colonial das universidades do hemisfério norte, ora no furto de um gênero textual ainda muito pouco discutido no contexto dos estudos literários: cabe, pois, ao(à) leitor(a) bem transitar entre o Grego Clássico e a Pop Art." Bianca Mayer |
O KIT DE SOBREVIVÊNCIA DO DESCOBRIDOR PORTUGUÊS NO MUNDO ANTICOLONIAL Poemas. 1ª edição brasileira © Edições Macondo. Brasil. 2020 2ª edição brasileira © Edições Macondo. Brasil. 2022 1ª edição portuguesa © Douda Correria. Portugal. 2020 2ª edição portuguesa © Mariposa Azual. Portugal. 2022 "Patrícia Lino não inventou o poema-piada, é claro; mas inventou uma forma de literatura verbo-visual profundamente irônica, e cujo alvo é a vulnerabilidade do descobridor português em meio a um mundo que o desautoriza. A autora nos oferece um kit contendo objetos, rotinas e saberes destinados a aplacar a solidão saudosa do descobridor de araque, hoje em zona de risco. Entenda-se literatura-kit como uma de uso prático; sintética e útil como são, por exemplo, os Band-Aids. O objeto se desfaz ao contato do conceito, assim como se faz e desfaz uma atadura, que deixa de ser gaze ou pano e passa a ser, interinamente, porção de pele. Removê-la dói". José Luiz Passos "A autora, cuja vocação pedagógica se alia magistralmente, neste livro, ao seu ofício de poeta e artista visual, constrói um repertório de objetos/memes que é simultaneamente um exercício arqueológico e uma sátira brilhante à solidificação do consenso nacional (ainda) maioritário à volta da imagem higienizada e decorativa da herança colonial portuguesa. Embora esta herança tenha sido trabalhada e questionada numa variedade de fórmulas discursivas e géneros artísticos ao longo dos tempos, a intervenção do registo satírico ou humorístico neste repositório é uma ocorrência comparativamente rara, pelo menos em Portugal (já que no Brasil, desde o tributo à deglutição do Bispo Sardinha no Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, este registo tem frutificado em realizações múltiplas e variadas)." Anna M. Klobucka
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I WHO CANNOT SING Poesia mixada © Gralha Edições. Brasil. 2020 "Um dos maiores acertos de I Who Cannot Sing é ter atingido em suas peças de poesia mixada uma organicidade que confere a elas uma existência muito própria. Se originam sim, claro, do poema e do mix, respectivamente, mas essa dupla natureza cria uma terceira, que não obedece às mesmas leis. Insistir num olhar classificador e metodológico talvez seria, então, mais ou menos como ir para outro planeta e querer se comportar da mesma forma ao se deparar com outra atmosfera, outra gravidade." Laura Assis |
NÃO É ISTO UM LIVRO — NO ES ESTO UN LIBRO Poemas © Ediciones Vestigio. EDICIÓN BILINGÜE. Colombia. 2020 "Lo que primero salta a la vista en los poemas-en-página de Lino es el estruendo multicolor con que estos se despliegan en el cielo de la inteligencia. El nombre que tiene el primer poema es representativo del todo: «Caleidoscopio» (9). En este texto en particular se enumeran hechos aparentemente aleatorios, disímiles entre sí, y que, informando poco, nos proponen la riqueza temática del libre fluir de las ideas. Tal vez el dique de un poema las sostenga un poco, para que se cumpla el gusto de la lectura, que antecede el del olvido. Se enumeran datos como el número de habitantes de Singapur; el color azul de unos cordones sobre un tapete; una traducción «pésima» de Aristóteles; caminar hacia atrás (¿?) en la carretera panamericana; «Las sacudidas homéricas del autobús (…) el cráneo danzarín de las gallinas»; el jazz que se oye con la barriga al cielo, los fonemas de la lengua portuguesa; Schrödinger y el gato; el tratado de botánica de Teofrasto; mensajes escritos en papelitos; canciones pop; el poema, a fin de cuentas, como máquina aglutinante, con sus «procesos de fragmentación»." Miguel-Manso |
MANOEL DE BARROS E A POESIA CÍNICA Ensaio © Relicário Edições. Brasil. 2019 "– Outra coisa que eu acho de muito valor neste livro da Patrícia, pensando mais tecnicamente, é a destreza com que ela consegue alternar uma visão panorâmica absolutamente sistemática da obra de Manoel de Barros – ela entra na obra a sobrevoá-la com um grande à-vontade para falar das questões transversais que vão do primeiro ao último livro, e nós percebemos que domina perfeitamente a perspectiva panorâmica porque salta de umas coisas para as outras com uma enorme destreza –, mas o que é espantoso é a forma como ela consegue ir alternando e articulando isto com momentos de close reading de textos, de poemas, de passagens de uma finura analítica absolutamente impressionante, que é a finura da lupa, já não é a da lente-avião, como diria o João Cabral de Melo Neto. E eu acho que isso é um dos grandes valores nos métodos de abordagem do livro, porque o facto de ela promover uma perspectiva estruturada da obra inteira não impede que em muitos momentos faça um zoom e se aproxime de textos específicos, que depois são uma evidência exemplar daquilo que está a tentar defender em termos mais alargados. – Porque é uma leitura muito apaixonada. A paixão aprecia o detalhe." Joana Matos Frias & Pedro Eiras |