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O KIT DE SOBREVIVÊNCIA DO DESCOBRIDOR PORTUGUÊS NO MUNDO ANTICOLONIAL © Edições Macondo. Outubro 2020 © Douda Correria. Dezembro 2020 Patrícia Lino não inventou o poema-piada, é claro; mas inventou uma forma de literatura verbo-visual profundamente irônica, e cujo alvo é a vulnerabilidade do descobridor português em meio a um mundo que o desautoriza. A autora nos oferece um kit contendo objetos, rotinas e saberes destinados a aplacar a solidão saudosa do descobridor de araque, hoje em zona de risco. Entenda-se literatura-kit como uma de uso prático; sintética e útil como são, por exemplo, os Band-Aids. [Edição brasileira. Excerto do posfácio de José Luiz Passos] A autora, cuja vocação pedagógica se alia magistralmente, neste livro, ao seu ofício de poeta e artista visual, constrói um repertório de objetos/memes que é simultaneamente um exercício arqueológico e uma sátira brilhante à solidificação do consenso nacional (ainda) maioritário à volta da imagem higienizada e decorativa da herança colonial portuguesa. Embora esta herança tenha sido trabalhada e questionada numa variedade de fórmulas discursivas e géneros artísticos ao longo dos tempos, a intervenção do registo satírico ou humorístico neste repositório é uma ocorrência comparativamente rara, pelo menos em Portugal (já que no Brasil, desde o tributo à deglutição do Bispo Sardinha no Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, este registo tem frutificado em realizações múltiplas e variadas). [Edição portuguesa. Excerto do prefácio de Anna M. Klobucka] Volto-me ao mesmo ponto, agora um pouco outro: o risco do riso. Lino aposta seu sonho na proliferação da piada. E faz tanto e tão e tão bem, que O kit, como eu já disse, não cabe mais no bolso; ou cabe, mas só como o livro do kit que ele mesmo é. É um livro exauriente, talvez mesmo autoexaurido, sinal claríssimo da inventividade-dínamo de Lino. E, sendo assim, seu risco extrapola até chegar ao ponto em que as piadas, mesmo que hilárias, começam a perder o sentido. Há algo de em linha reta, ou de faca só lâmina (se meu bairrismo pesar demais), que para de oferecer o riso confortável e começa a oferecer porradas. Eu, leitor, me inverto por vezes de compatriota-poeta da poeta em vítima do riso; eu, recolonial no espelho. Uma piada a mais, e posso me explodir. [Excerto da resenha de Guilherme Gontijo Flores. Ler aqui.] LANÇAMENTO DA EDIÇÃO PORTUGUESA 23 DE JANEIRO DE 2021, Sábado, 16:30 (Lisboa)/13:30 (Brasília) COM PEDRO EIRAS LANÇAMENTO DA EDIÇÃO BRASILEIRA 11 DE DEZEMBRO DE 2020 COM ANDRÉ CAPILÉ, LAURA ASSIS E LEONARDO VILLA-FORTE APRESENTAÇÕES OUT-DEZ 2019 SAN DIEGO STATE UNIVERSITY INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS (UL) UNIVERSIDADE DE LISBOA ROSA IMUNDA (PORTO) UNIVERSIDADE DO MINHO GSA - A GRALHA (PORTO) |