2ª Edição ampliada
Edições Macondo. Brasil. 2022 Posfácio de José Luiz Passos 1ª edição. Edições Macondo. Brasil. 2020
Posfácio de José Luiz Passos A primeira edição está esgotada.
The first edition is sold out. 2ª edição ampliada. Mariposa Azual. Portugal. 2022
Prefácio de Anna M. Klobucka 1ª edição. Duas tiragens. Douda Correria. Portugal. 2020
Prefácio de Anna M. Klobucka Posfácio de Patrícia Martins Marcos As duas primeiras edições portuguesas estão esgotadas.
The first two Portuguese editions are sold out. See Amazon Kindle. APRESENTAÇÕES OUT 2019-SET 2022 ESPAÇO CONTEMPORÃO (BRASIL) CAPIVARA CULTURAL (BRASIL) LIVRARIA TRAVESSA — BOTAFOGO (BRASIL) UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (BRASIL) REAL GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA (BRASIL) UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO (BRASIL) UCLA (EUA) UNIVERSITY OF UTAH (EUA) UNIVERSIDADE DE DALARNA (SUÉCIA) UC DAVIS (EUA) CORNELL UNIVERSITY (EUA) UNIVERSIDAD NACIONAL AUTÓNOMA DE MÉXICO COLETIVO LEIA MULHERES (SÃO PAULO) OXFORD UNIVERSITY (INGLATERRA) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (BRASIL) UMASS DARTMOUTH (EUA) UNIWERSYTET JAGIELLONSKI (POLÓNIA) SAN DIEGO STATE UNIVERSITY (EUA) COLETIVO TXON (MINDELO, CABO-VERDE) INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS (PORTUGAL) UNIVERSIDADE DE LISBOA (PORTUGAL) ROSA IMUNDA (PORTUGAL) UNIVERSIDADE DO MINHO (PORTUGAL) GSA - A GRALHA (PORTUGAL) LANÇAMENTO DA SEGUNDA EDIÇÃO PORTUGUESA 1 DE NOVEMBRO DE 2022 COM PEDRO EIRAS LIVRARIA TÉRMITA PORTO, PORTUGAL LANÇAMENTO DA SEGUNDA EDIÇÃO BRASILEIRA 8 DE SETEMBRO COM OTÁVIO CAMPOS E LAURA ASSIS ESPAÇO CONTEMPORÃO JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, BRASIL LANÇAMENTO DA SEGUNDA EDIÇÃO BRASILEIRA 27 DE AGOSTO DE 2022 COM OTÁVIO CAMPOS E LAURA ASSIS CAPIVARA CULTURAL SÃO PAULO, BRASIL LANÇAMENTO DA SEGUNDA EDIÇÃO BRASILEIRA 17 DE AGOSTO DE 2022 COM MARIANO MAROVATTO LIVRARIA DA TRAVESSA — BOTAFOGO RIO DE JANEIRO. BRASIL LANÇAMENTO DA EDIÇÃO PORTUGUESA 23 DE JANEIRO DE 2021 COM PEDRO EIRAS [ONLINE] LANÇAMENTO DA PRIMEIRA EDIÇÃO BRASILEIRA 11 DE DEZEMBRO DE 2020 COM ANDRÉ CAPILÉ, LAURA ASSIS E LEONARDO VILLA-FORTE [ONLINE] |
O KIT DE SOBREVIVÊNCIA DO DESCOBRIDOR PORTUGUÊS NO MUNDO ANTICOLONIAL © Edições Macondo. Outubro 2020 © Douda Correria. Dezembro 2020 © Edições Macondo. Agosto 2022 © Mariposa Azual. Novembro 2022 Patrícia Lino não inventou o poema-piada, é claro; mas inventou uma forma de literatura verbo-visual profundamente irônica, e cujo alvo é a vulnerabilidade do descobridor português em meio a um mundo que o desautoriza. A autora nos oferece um kit contendo objetos, rotinas e saberes destinados a aplacar a solidão saudosa do descobridor de araque, hoje em zona de risco. Entenda-se literatura-kit como uma de uso prático; sintética e útil como são, por exemplo, os Band-Aids. [Edição brasileira. Excerto do posfácio de José Luiz Passos] A autora, cuja vocação pedagógica se alia magistralmente, neste livro, ao seu ofício de poeta e artista visual, constrói um repertório de objetos/memes que é simultaneamente um exercício arqueológico e uma sátira brilhante à solidificação do consenso nacional (ainda) maioritário à volta da imagem higienizada e decorativa da herança colonial portuguesa. Embora esta herança tenha sido trabalhada e questionada numa variedade de fórmulas discursivas e géneros artísticos ao longo dos tempos, a intervenção do registo satírico ou humorístico neste repositório é uma ocorrência comparativamente rara, pelo menos em Portugal (já que no Brasil, desde o tributo à deglutição do Bispo Sardinha no Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, este registo tem frutificado em realizações múltiplas e variadas). [Edição portuguesa. Excerto do prefácio de Anna M. Klobucka] '[É um livro que] expõe, através do riso, as inconsistências do nacionalismo, além de repensar as funções do próprio riso, que pode ser tão ou mais eficaz e violento do que o tom respeitável de certos debates', diz Lino. Com seu 'Kit', lançado no Brasil pela editora Macondo, ela chegou à semifinal do prêmio Oceanos, que seleciona as melhores obras do ano escritas em português. [Excerto da reportagem de Pedro Martins na Folha de S. Paulo. Ler aqui.] Ahora bien, aunque este libro produzca risas, no es una obra fácil, dado que se funda en la parodia, por lo que sus mejores receptores son quienes pueden reconocer el peso de lo que se está desacralizando en el Kit, además de quien pueda comprender el diálogo que, desde la irreverencia, la distancia y la posesión de diversos lenguajes, establece con monumentos literarios como Mensagem de Pessoa. En otras palabras, la comprensión del Kit implicaría que se conoce a fondo la cultura portuguesa y sus discursos. Manual ficticio de artefactos imaginarios, catálogo ilustrado de objetos inexistentes, esta obra de Patrícia Lino, con su retórica verbo-visual, se ubica como una obra rebelde, no sólo ante la práctica ausencia de debate en torno a estos aspectos en Portugal, sino también frente a la beligerancia del discurso de la ultraderecha en su país. [Excerto da resenha de Alma Miranda. Ler aqui.] Pela irreverência crítica, pelo necessário chacoalhão que não se furta de encarar questões polêmicas ou apontar construções falaciosas do cotidiano e por todo o demais exposto até aqui, ressalta-se a relevância da publicação de Lino. Além disso, recomenda-se que o livro seja uma porta de acesso às demais produções da autora, que tem criado espaços de reflexão a partir de diferentes formatos. Por último, gostaríamos ainda de valorizar a iniciativa da editora de tornar obras de novos poetas portugueses acessíveis ao público brasileiro. [Excerto da resenha de Luiz Fernando Queiroz Melques. Ler aqui.] O livro, em 2021, foi escolhido como um dos 54 semifinalistas entre os 1.835 concorrentes do Pré(ê)mio Oceanos e consta como “poesia brasileira”. Essa escolha, tanto como semifinalista quanto figurar entre a poesia brasileira, não parece ser arbitrária. Lino possui uma vinculação com a literatura do Brasil e com poetas contemporâneos que estão em intensa produção na atualidade. Não só como leitora dessa literatura, mas também academicamente, uma vez que é professora adjunta de literaturas e cinema luso-brasileiros na UCLA, e a paródia e o anticolonialismo formam parte de sua inserção como pesquisadora; Lino atua também no conselho editorial da Edições Macondo, que publicou seu livro no Brasil, e coedita a revista brasileira de poesia e crítica Escamandro. Além disso, nesse livro, utiliza-se de um tom poético que, embora exprima uma construção pessoal de sua produção literária, também converge intimamente para o poema-piada e o antilirismo brasileiro. Esse último fato, por conseguinte, corrompe uma certa poesia portuguesa difundida no mundo lusófono, que se baseia no lirismo. Apesar de também haver na literatura medieval portuguesa o tom satírico para reprochar hábitos e costumes, a poesia de Lino, principalmente neste livro, dialoga mais com o antilirismo brasileiro e com o poema-objeto do Concretismo. [Excerto da resenha de Anelise Freitas. Ler aqui.] Volto-me ao mesmo ponto, agora um pouco outro: o risco do riso. Lino aposta seu sonho na proliferação da piada. E faz tanto e tão e tão bem, que O kit, como eu já disse, não cabe mais no bolso; ou cabe, mas só como o livro do kit que ele mesmo é. É um livro exauriente, talvez mesmo autoexaurido, sinal claríssimo da inventividade-dínamo de Lino. E, sendo assim, seu risco extrapola até chegar ao ponto em que as piadas, mesmo que hilárias, começam a perder o sentido. Há algo de em linha reta, ou de faca só lâmina (se meu bairrismo pesar demais), que para de oferecer o riso confortável e começa a oferecer porradas. Eu, leitor, me inverto por vezes de compatriota-poeta da poeta em vítima do riso; eu, recolonial no espelho. Uma piada a mais, e posso me explodir. [Excerto da resenha de Guilherme Gontijo Flores. Ler aqui.] Entretanto, em 2020, munido dos objetos que compõem o kit, o descobridor português, ridicularizado e atado ao passado, não terá a menor chance de sobreviver neste mundo anticolonial que nós — que aqui falamos, escrevemos, editamos, pensamos a literatura e a arte como instrumentos de resistência e insistência — estamos construindo, e é esta, portanto, a reviravolta perfeita; o motivo que talvez nos faltasse para, além de rir, também sorrir. [Excerto da resenha de Laura Assis. Ler aqui.] Com o seu gesto de publicação do kit, Patrícia Lino constata, ao mesmo tempo que atesta, que os “objetos imaginários” são tão históricos quanto “os objetos históricos”. Isso não significa que não haja diferenças entre o discurso literário e o discurso histórico (e os meios de que cada um dos discursos dispõe para levar adiante as disputas políticas, sociais, etc.). Isso significa que seus dois tipos de objetos, por assim dizer, passam a atravessar os cotidianos português e brasileiro, na exata medida em que disputam uma leitura do fato histórico em questão. Ambos ocupam o tempo presente. Um, por entender o presente como única temporalidade em que se faz possível qualquer ação, resposta ou indagação. Outro, por nunca ter deixado de ocupar o tempo presente, nas sucessivas “renovações” que o permitiram “se manter como tal”, tendo-se em vista a predominância da visão colonialista e todas as consequências no que diz respeito às determinações identitárias ao longo dos séculos. [Excerto da resenha de Ana Cristina Joaquim. Ler aqui.] Sim, claro que há humor neste título insólito de Patrícia Lino – O Kit de Sobrevivência do Descobridor Português no Mundo Anticolonial. Sim, claro que há ironia, paródia, riso ou talvez apenas sorriso (ou então pranto e ranger de dentes?). Há um desfasamento entre o carácter técnico de qualquer kit e a absurda inutilidade deste manual de instruções, um desencontro entre a letra e o espírito, os discursos citados e o discurso que os põe ao espelho, para os pôr a ridículo. Há, claro, tudo isso; mas há ainda, e é decerto o mais importante, um programa extremamente sensível e urgente – um apelo à reescrita da História, à reinvenção da linguagem, à audição do outro. [Excerto da resenha de Pedro Eiras. Ler aqui.] Em conversa recente que tive com a autora (via redes sociais, com a devida distância física que os tempos atuais pedem), ela me confidenciou como achava curioso que seu Kit venha sendo tratado como poesia, já que ela mesma não o havia concebido dessa forma. Eu repliquei que talvez pelo fato de ela ser poeta, e das grandes, tudo que ela publique no terreno da experimentação artística venha a ser compreendido assim. Uma espécie de comodidade ou mesmo preguiça crítica, uma nova prova de que “os contemporâneos não sabem ler”, como formulou Augusto de Campos. Há outras hipóteses a se figurar, sem dúvida, mas é igualmente verdadeiro que há um certo DNA dadaísta no Kit, na medida em que elenca objets trouvés poéticos, a partir dos ícones do Império Português, já tão poetizados. [Excerto da resenha de Gustavo Reis Louro. Ler aqui.] Portuguese and Portugal-literate readers can enjoy the Kit, with its silly items, pithy portmanteaus, and sight gags, for its ironic humor alone. That several of the items described, including my personal favorite, the “Sebastiana,” a fog machine used to conjure the still-missing Dom Sebastião, would be difficult if not impossible to fit into a reasonably-sized kit adds to the book’s comedic value. But Lino is doing something more than telling jokes: she is using humor as a vehicle to intervene in Portugal’s ongoing memory battles, which in Portugal as in the U.S. have centered of late on monuments and museums, such as Lisbon’s proposed Museu dos Descobrimentos. Lino has represented the latter in an art piece, a “poema miniatura” entitled “Museu dos Descobrimentos: Portugal 2019,” as a building composed of three stacked caskets—a visual depiction of colonialism’s human cost. Lino links what, per Nietzsche, we might term the “monumental” narrative of Portuguese history and the nostalgia for empire to the anxiety of aggrieved, mainly white, male Portuguese “navigators” in the face of their perceived marginalization in the post-colonial, multicultural present. A number of objects included in the Kit seek to alleviate their anxiety. [Excerto da resenha de Robert Patrick Newcomb. Ler aqui.] Para ler O kit de sobrevivência do descobridor português no mundo anticolonial, de Patrícia Lino, você não precisa de kit nenhum. Também não precisa ser português, nem estar numa situação de perigo iminente. O que você precisa é estar disposto a completar uns quebra-cabeças em que participam alguns fios da história colonial portuguesa, que se parecem muito com a história de outros países colonizadores, e uma sensibilidade disposta a embarcar (não numa caravela, claro) na aventura (sem pretensões de descobridor) de rir. Isso tudo sabendo que quando se ri diante de uma ironia ou uma paródia, doem certas partes do corpo, talvez o coração ou o fígado, mas, se ainda acreditamos em Descartes, talvez a glândula pineal, onde o filósofo francês dizia que se instalava a alma e se formavam nossos pensamentos. Ou seja, o que é quase indispensável é pensar, compreender que os brinquedos que Patrícia Lino nos apresenta no seu kit têm algumas pontas afiadas. E digo quase indispensável, porque às vezes a força desses objetos criados por ela nos atinge sem dar tempo para o pensamento se formar e nos marca com o carimbo mental da imagem. [Excerto da resenha de Rodolfo Mata. Ler aqui.] A literatura portuguesa pós-25 de Abril pode ser encarada também como uma literatura pós-imperial? Como se apresenta uma literatura que não só vem “depois” do fim do Império mas que reage criticamente ao fim desta narrativa através de inúmeras estratégias ideológicas e retóricas? [...] Particularmente em O kit de sobrevivência do descobridor português no mundo anticolonial (2020), de autoria de Patrícia Lino, um acervo de objetos e de sentimentos são coletados: frasquinhos de mar português, caravelas, colônias, amnésias seletivas, a casinha portuguesa, a portugalidade, um race card...num rol extenso que cataloga mas também ambiciona questionar topos e imagens cristalizadas da identidade portuguesa através do uso do riso. Pretende-se, então, problematizar como se dá o deslocamento de perspectivas históricas do passado através de transcriações literárias contemporâneas dessacralizadoras e inventivas. [Excerto da descrição do painel académico "Gargalhadas enterrarão o Império? Estratégias discursivas no mundo anticolonial" de Sabrina Sedlmayer & Vincenzo Russo. Ler aqui.] Num mundo em que a diversificação de vozes há tempos vem contribuindo para visibilizar os horrores que acompanharam a expansão europeia pelo globo (já o dizia Aimé Césaire, em 1950, no seu “Discurso sobre o colonialismo”), a de Patrícia Lino destaca-se pelo que Djamila Ribeiro chama de “lugar da fala”, isto é, uma voz de mulher portuguesa que se alça para questionar os paradoxos dos discursos fundacionais do seu país. Aliás, embora sua crítica tenha como alvo as nostalgias imperiais portuguesas, a obra bem pode servir como terapia anticolonial para todas as sujeitas e sujeitos coloniais do presente, parte das quais ainda não compreendemos, como, por exemplo, algumas autoridades da Espanha se orgulham do 12 de outubro, data ineludivelmente dolorosa para todos os povos originários das Américas. [Excerto da entrevista de Mónica González García à autora. Ler aqui.] AG: Há 2 anos que o livro tem sido continuamente abordado e discutido em várias esferas culturais, políticas e sociais. Considera que este fenómeno pode estar relacionado com o facto da sociedade portuguesa se encontrar a debater cada vez mais os efeitos do pós-colonialismo? PL: Sem dúvida, e não só. A grande maioria das reações ao livro, que variam entre comentários, resenhas e convites para apresentar os objetos em Universidades, escolas e associações, chega sobretudo dos Estados Unidos e do Brasil, onde o livro foi publicado em primeiro lugar no final de dezembro de 2020, e também do México, da Colômbia e dos menos óbvios Polónia ou Suécia. Se deste lado do mundo, o assunto é debatido há já algum tempo e institucionalmente desde os anos 80, o interesse pelo tema começa, decisivamente, a chegar ao lado de lá. O Kit de Sobrevivência materializa, com recurso ao exercício paródico e interdisciplinar, esse movimento. Uma mulher portuguesa escreve tão cínica quanto criticamente sobre o grande passado português cujos paradoxos e ilusões decorativas, e penso nas audiências que conheci ao longo de 2021 e 2022, são familiares para as leitoras e os leitores de muitas outras línguas e culturas. Afinal, assim como não há mistério algum no riso, não há mistério algum na violência. As suas dinâmicas desdobram-se em vários idiomas e lugares do mapa. [Excerto da entrevista de Alícia Gaspar à autora. Ler aqui.] |