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VIBRANT HANDS. TRAILER. 2019
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VIBRANT HANDS. SCENE. 2019.
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ABOUT
VIBRANT HANDS (2019) by Patrícia Lino explores the visual, performative, and musical representation of 12 fragments included in Tisanas by Ana Hatherly. It also focuses on the relation of the textual, visual, and musical dimensions of the 12 fragments to create an interpretative and yet completely autonomous audiovisual object. VIBRANT HANDS questions the traditional figure of the literary critic, the very act of writing as well as the role(s) of the reader through the plastic and sonorous manipulation of Hatherly's imposing, comic, and irreverent language. The articulation of various expressive dimensions matches, moreover, the unusual and bold articulation of various materials and techniques: from analog film to the iPhone camera, from the sound of the bell to the synthesizer, from digital drawing to performance. |
PAST SCREENINGS
DECEMBER 19 2019. UNIVERSIDADE DO MINHO. PORTUGAL. DECEMBER 17 2019. UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA. PORTUGAL. MARCH 29 2019. UNIVERSIDAD NACIONAL AUTÓNOMA DE MÉXICO (UNAM). MEXICO. MARCH 23 2019. UNIVERSITY OF CALIFORNIA, BERKELEY (UCB). UNITED STATES. MARCH 22 2019. UNIVERSITY OF CALIFORNIA, BERKELEY (UCB). UNITED STATES. |
REVIEWS
Mãos, imagens, o olhar: tudo vibra neste filme tão belo de Patrícia Lino. O mundo é feito de vibração, de nenhum repouso: a essência de cada coisa é querer ser outra coisa, outra forma, um desejo, imagem secreta que se diz ao ouvido e rebenta no coração.
Pedro Eiras, Writer, Professor
La poderosa sensibilidad de Patrícia Lino construye en VIBRANT HANDS una experiencia poética y una invitación creativa en varios niveles. El montaje sonoro activa tonos delicados, sarcásticos e irónicos de nuestra imaginación; el sonido es quizá la línea narrativa más tangible de este cortometraje. VIBRANT HANDS es el deseo, la imagen transformada, el ejercicio mismo de crear frente a nuestros ojos.
María Inés Canto, Professor
Exploring the necessity of words in the verbal, Patrícia Lino’s short film VIBRANT HANDS transposes Ana Hatherly’s texts into Lino’s own fragments of interpretation: bells, chimes, laughter, colors, repetition. The result is a dynamic film that not only pays respect to Hatherly, but emerges as an autonomous entity from which the reader, or in this case, the viewer, must question their own practiced methods of interpretation. Similar to Hatherly’s lines (those snippets of beauty that border the strange, swerving between the ironic and the poignant), VIBRANT HANDS carries the viewer through a journey that is at once sentimental and stimulating, leaving us pondering not only the “why” of our feelings, but rather the “how” of their arrival, and just what exactly we plan to do with them.
Colleen Conroy, Writer
Em VIBRANT HANDS, Patrícia Lino revisita as “Doze Tisanas” de Ana Hatherly, recriando e expandindo algumas das interrogações da escritora numa linguagem multimédia amplamente surpreendente.
Cruzam-se na curta metragem a animação do texto datilografado e um mar californiano rasgado monotonamente na expectativa de algum porto que nunca se vê chegar. Ou ainda a fluidez cromática metafílmica — como uma película que se queimasse em vivas cores diante dos nossos olhos — e o preto e branco de um céu que se antevê de outra forma bastante azul, cor que acaba por nos ser oferecida.
O filme de Lino dá a ouvir a voz do “lobo sem alcateia” do texto original, reforçando-lhe o sentido de ironia verbal a partir das ironias visuais que lhe adiciona. Ao assistirmos a VIBRANT HANDS, não podemos deixar de pensar, a partir das palavras de Hatherly, que por estes dias andamos todos, cada vez mais, com “uma palavra debaixo da língua”, as mais das vezes sofrendo “duma imensa sede”, como “o colérico” que repetidamente deixa cair o seu copo.
Bem cedo se pergunta: “Estamos aqui à espera de quê?” Parece-me, contudo, que Lino acredita menos no sentido de missão para cada um de nós sugerido pelo texto interpelado, do que no simples reconhecimento das portas fechadas nele mencionadas. Este é mesmo um filme de seres rodeados por portas fechadas, a lembrar o Álvaro de Campos da “Tabacaria”, que será “o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta”. Também no filme não se chega abrir uma porta. Reconhece-se sobretudo a fortuna criativa da conjugação do “incomensurável não-saber” humano e dessa “forma de violência” que é o desejo. Quem tanto recebe não pode esperar ou pedir mais.
Talvez VIBRANT HANDS seja o Douro, Faina Fluvial de Patrícia Lino, com a mesma energia e intensa criatividade sentidas na combinação de experimentalismo de texturas visuais e reflexão intelectual — uma reflexão metapoética, no caso desta curta metragem. É sobretudo uma experimentação cinemática pós-concretismo literário, que dele herda a reflexão exigente e lúdica sobre a relação entre palavra poética e a imagem. E, no fim de contas, é também a afirmação clara por parte da realizadora de que é uma voz que chegou para ficar.
Ricardo Vasconcelos, Professor
Aparecem ao fundo do ecrã palavras como legendas. As mesmas que saltam mais tarde da legenda para o vídeo, do vídeo para a voz, da voz para a imagem. É uma sequência de som, de música, de ruído, e de língua humana. Aos quais a imagem responde, como um ícone falante. Ave, imagem! Louvado seja o teu movimento em sequência, louvada seja a tua gravação, louvada seja a tua película fónica, louvado seja o teu filme.
Miguel Monteiro, Philologian
VIBRANT HANDS é um espaço de transmutação: as diferentes linguagens que retoma atravessam o tempo e o espaço, conscientes dessa mediação, e dão a ver um mundo em constante movimento onde as fronteiras de cor, som e palavra são determinantemente rompidas. O espectador é tratado por tu e convidado a imaginar a ação: a confiança depositada na imaginação solitária do espectador – como gesto de reconhecimento da sua autonomia. Essa partilha de responsabilidade na construção do mundo ficcional é uma porta que se abre e dá passagem à experiência estética e emocional sugerida pelas sequências da Patrícia, completada pela espiral da subjetividade de cada um.
Mafalda Sofia Gomes, Poet
Lino’s intricately and playfully layered audiovisual piece probes the limits and possibilities of signification in a selection of Portuguese poet Ana Hatherly’s tisanas, addressing itself to a tradition of poststructuralism and the ruptures of language which pervade Hatherly’s poems. In creating a filmic overlay of written word, sound and image, Lino expands the ways in which we might “read” the tisanas and considers the layers of meaning and meaning-making with which Hatherly’s poetry engages. Compelling from start to finish, VIBRANT HANDS expands the act of reading of poetry into an act of both viewing and listening and challenges reader-viewer-listeners to accept that time and space themselves constitute (the ultimate) poetic dimensions.
Julia Brown, Researcher
“A verdadeira mão que o poeta estende/ não tem dedos:/ é um gesto que se perde/ no próprio acto de dar-se” problematizava Ana Hatherly em O Pavão Negro (2003). E é neste acto poético de dar(-se) e criar(-se) que Patrícia Lino se insere. A invisibilidade das suas mãos oferecem-nos doze novas tisanas de extensa gestualidade. Há gesto na imagem, há gesto na música, há gesto no ritmo, gesto na relação frenética do texto poético com todos estes elementos. No final toda esta vibrante gestualidade se perde indelevelmente para dar origem a um invulgar e complexo poema visual, uma justa homenagem a Ana Hatherly, porque consegue ser poética em todas as sensações, porque não nos aperta as mãos, aperta-nos a garganta.
Duarte Pinheiro, Professor
VIBRANT HANDS conmueve y altera con la exposición precisa de imágenes y sonidos que remiten a “realidades” y evocan sentimientos. Pero esto sólo describe una parte del todo: una “tisana”, podría decirse, ya que a lo largo de este corto, lo presentado conduce a diferentes estados y reflexiones sobre la poesía, el lenguaje, la contemplación y la forma en que se construye y expresa la imaginación.
Sobre esto último, durante una de las conferencias que Patrícia Lino ofreció en México, puso sobre la mesa un tema que después de ver VIBRANT HANDS resurge: ¿en qué términos hablar de una obra como ésta?, ¿cómo describir una experiencia artística como la que se ofrece? Ya sea en lo académico o en lo periodístico (al realizar una reseña), un filme como VIBRANT HANDS pone al descubierto que hay un campo que todavía no ha sido tan explorado. Lo realizado por la poeta es una poderosa invitación a explotar los alcances de los recursos con los que cada uno cuenta para la expresión.
Álvaro Cortés, Translator
Quem, como eu, nunca teve a oportunidade de ver um polvo malabarista, que assista a “Vibrant Hands”, da Patrícia Lino — deve ter sido o mais perto que pude chegar até hoje. Com que coordenação motora esta curta consegue manipular, simultaneamente, um sem número de possibilidades e modalidades da poesia! Palavra (escrita, falada, cantada), imagem (preto e branca e a cores, parada e em movimento) e som (música, ruído, silêncio) se combinam para formar (e atravessar) um corpo que funciona e se expressa no tempo-espaço com uma unidade quase milagrosa.
Luca Argel, Musician, Poet
DO FIM AO PRINCÍPIO
Em Vibrant hands, Patrícia Lino convoca o espectador – leitor? ouvinte? – a tomar parte na “responsabilidade da desordem” que, eticamente, nos compete a todos. É um gesto ético a forma tão delicada quanto intensa mediante a qual ela nos lança a uma narrativa visual, que é também um aporte crítico multimídia, ou um poema elástico que dura nas continuidades das 12 tisanas de Ana Hatherly. Porque o que a poeta faz é VER com as mãos nas alturas: sem metafísica, conforme o azul do céu em uma salsicha, ou um sema cheio de silêncios. Como Strauss.
Ana Cristina Joaquim, Poet, Researcher
Quando assisti ao Vibrant hands foi como ouvir com o olho; ou como ver com o ouvido; ou como “ouviver”. Difícil tentar “fixar a vertigem” da ambígua percepção sinestésica desse short film by Patrícia Lino: sinto que a imagem do som e o som da imagem se revelam/reverberam na fotografia de Glauber Rocha enquadrando o ouvido com as mãos para focalizar o som entre os dedos. Para traduzir esta trama sensorial com as palavras dos textos só se inventasse um "verbo alquímico". Resta dizer que, antes de ser metafísico, é um salto: de Ana Hatherly para o alto – até o azul.
Gaya, Painter
É uma homenagem completa. Ópera, filme, escrita, música, fotografia, desenho; todos os domínios de comunicação que Ana Hatherly sempre e continuamente subverteu. Não por mero acaso, são também todos estes os domínios de que dispõe Patrícia Lino, na curta Vibrant Hands. Ao longo de cerca de 10 minutos, as imagens brincam com os batuques, jogam com os silêncios e gracejam com a poesia, sempre a querer transcender os confins da discursividade, de Hatherly. Vibrant Hands executa assim o desiderato Hatherliano da “Imagina-acção,” e responde, com audácia e complexidade, à responsabilidade poética da desordem.
Patrícia Martins Marcos, Historian
Pedro Eiras, Writer, Professor
La poderosa sensibilidad de Patrícia Lino construye en VIBRANT HANDS una experiencia poética y una invitación creativa en varios niveles. El montaje sonoro activa tonos delicados, sarcásticos e irónicos de nuestra imaginación; el sonido es quizá la línea narrativa más tangible de este cortometraje. VIBRANT HANDS es el deseo, la imagen transformada, el ejercicio mismo de crear frente a nuestros ojos.
María Inés Canto, Professor
Exploring the necessity of words in the verbal, Patrícia Lino’s short film VIBRANT HANDS transposes Ana Hatherly’s texts into Lino’s own fragments of interpretation: bells, chimes, laughter, colors, repetition. The result is a dynamic film that not only pays respect to Hatherly, but emerges as an autonomous entity from which the reader, or in this case, the viewer, must question their own practiced methods of interpretation. Similar to Hatherly’s lines (those snippets of beauty that border the strange, swerving between the ironic and the poignant), VIBRANT HANDS carries the viewer through a journey that is at once sentimental and stimulating, leaving us pondering not only the “why” of our feelings, but rather the “how” of their arrival, and just what exactly we plan to do with them.
Colleen Conroy, Writer
Em VIBRANT HANDS, Patrícia Lino revisita as “Doze Tisanas” de Ana Hatherly, recriando e expandindo algumas das interrogações da escritora numa linguagem multimédia amplamente surpreendente.
Cruzam-se na curta metragem a animação do texto datilografado e um mar californiano rasgado monotonamente na expectativa de algum porto que nunca se vê chegar. Ou ainda a fluidez cromática metafílmica — como uma película que se queimasse em vivas cores diante dos nossos olhos — e o preto e branco de um céu que se antevê de outra forma bastante azul, cor que acaba por nos ser oferecida.
O filme de Lino dá a ouvir a voz do “lobo sem alcateia” do texto original, reforçando-lhe o sentido de ironia verbal a partir das ironias visuais que lhe adiciona. Ao assistirmos a VIBRANT HANDS, não podemos deixar de pensar, a partir das palavras de Hatherly, que por estes dias andamos todos, cada vez mais, com “uma palavra debaixo da língua”, as mais das vezes sofrendo “duma imensa sede”, como “o colérico” que repetidamente deixa cair o seu copo.
Bem cedo se pergunta: “Estamos aqui à espera de quê?” Parece-me, contudo, que Lino acredita menos no sentido de missão para cada um de nós sugerido pelo texto interpelado, do que no simples reconhecimento das portas fechadas nele mencionadas. Este é mesmo um filme de seres rodeados por portas fechadas, a lembrar o Álvaro de Campos da “Tabacaria”, que será “o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta”. Também no filme não se chega abrir uma porta. Reconhece-se sobretudo a fortuna criativa da conjugação do “incomensurável não-saber” humano e dessa “forma de violência” que é o desejo. Quem tanto recebe não pode esperar ou pedir mais.
Talvez VIBRANT HANDS seja o Douro, Faina Fluvial de Patrícia Lino, com a mesma energia e intensa criatividade sentidas na combinação de experimentalismo de texturas visuais e reflexão intelectual — uma reflexão metapoética, no caso desta curta metragem. É sobretudo uma experimentação cinemática pós-concretismo literário, que dele herda a reflexão exigente e lúdica sobre a relação entre palavra poética e a imagem. E, no fim de contas, é também a afirmação clara por parte da realizadora de que é uma voz que chegou para ficar.
Ricardo Vasconcelos, Professor
Aparecem ao fundo do ecrã palavras como legendas. As mesmas que saltam mais tarde da legenda para o vídeo, do vídeo para a voz, da voz para a imagem. É uma sequência de som, de música, de ruído, e de língua humana. Aos quais a imagem responde, como um ícone falante. Ave, imagem! Louvado seja o teu movimento em sequência, louvada seja a tua gravação, louvada seja a tua película fónica, louvado seja o teu filme.
Miguel Monteiro, Philologian
VIBRANT HANDS é um espaço de transmutação: as diferentes linguagens que retoma atravessam o tempo e o espaço, conscientes dessa mediação, e dão a ver um mundo em constante movimento onde as fronteiras de cor, som e palavra são determinantemente rompidas. O espectador é tratado por tu e convidado a imaginar a ação: a confiança depositada na imaginação solitária do espectador – como gesto de reconhecimento da sua autonomia. Essa partilha de responsabilidade na construção do mundo ficcional é uma porta que se abre e dá passagem à experiência estética e emocional sugerida pelas sequências da Patrícia, completada pela espiral da subjetividade de cada um.
Mafalda Sofia Gomes, Poet
Lino’s intricately and playfully layered audiovisual piece probes the limits and possibilities of signification in a selection of Portuguese poet Ana Hatherly’s tisanas, addressing itself to a tradition of poststructuralism and the ruptures of language which pervade Hatherly’s poems. In creating a filmic overlay of written word, sound and image, Lino expands the ways in which we might “read” the tisanas and considers the layers of meaning and meaning-making with which Hatherly’s poetry engages. Compelling from start to finish, VIBRANT HANDS expands the act of reading of poetry into an act of both viewing and listening and challenges reader-viewer-listeners to accept that time and space themselves constitute (the ultimate) poetic dimensions.
Julia Brown, Researcher
“A verdadeira mão que o poeta estende/ não tem dedos:/ é um gesto que se perde/ no próprio acto de dar-se” problematizava Ana Hatherly em O Pavão Negro (2003). E é neste acto poético de dar(-se) e criar(-se) que Patrícia Lino se insere. A invisibilidade das suas mãos oferecem-nos doze novas tisanas de extensa gestualidade. Há gesto na imagem, há gesto na música, há gesto no ritmo, gesto na relação frenética do texto poético com todos estes elementos. No final toda esta vibrante gestualidade se perde indelevelmente para dar origem a um invulgar e complexo poema visual, uma justa homenagem a Ana Hatherly, porque consegue ser poética em todas as sensações, porque não nos aperta as mãos, aperta-nos a garganta.
Duarte Pinheiro, Professor
VIBRANT HANDS conmueve y altera con la exposición precisa de imágenes y sonidos que remiten a “realidades” y evocan sentimientos. Pero esto sólo describe una parte del todo: una “tisana”, podría decirse, ya que a lo largo de este corto, lo presentado conduce a diferentes estados y reflexiones sobre la poesía, el lenguaje, la contemplación y la forma en que se construye y expresa la imaginación.
Sobre esto último, durante una de las conferencias que Patrícia Lino ofreció en México, puso sobre la mesa un tema que después de ver VIBRANT HANDS resurge: ¿en qué términos hablar de una obra como ésta?, ¿cómo describir una experiencia artística como la que se ofrece? Ya sea en lo académico o en lo periodístico (al realizar una reseña), un filme como VIBRANT HANDS pone al descubierto que hay un campo que todavía no ha sido tan explorado. Lo realizado por la poeta es una poderosa invitación a explotar los alcances de los recursos con los que cada uno cuenta para la expresión.
Álvaro Cortés, Translator
Quem, como eu, nunca teve a oportunidade de ver um polvo malabarista, que assista a “Vibrant Hands”, da Patrícia Lino — deve ter sido o mais perto que pude chegar até hoje. Com que coordenação motora esta curta consegue manipular, simultaneamente, um sem número de possibilidades e modalidades da poesia! Palavra (escrita, falada, cantada), imagem (preto e branca e a cores, parada e em movimento) e som (música, ruído, silêncio) se combinam para formar (e atravessar) um corpo que funciona e se expressa no tempo-espaço com uma unidade quase milagrosa.
Luca Argel, Musician, Poet
DO FIM AO PRINCÍPIO
Em Vibrant hands, Patrícia Lino convoca o espectador – leitor? ouvinte? – a tomar parte na “responsabilidade da desordem” que, eticamente, nos compete a todos. É um gesto ético a forma tão delicada quanto intensa mediante a qual ela nos lança a uma narrativa visual, que é também um aporte crítico multimídia, ou um poema elástico que dura nas continuidades das 12 tisanas de Ana Hatherly. Porque o que a poeta faz é VER com as mãos nas alturas: sem metafísica, conforme o azul do céu em uma salsicha, ou um sema cheio de silêncios. Como Strauss.
Ana Cristina Joaquim, Poet, Researcher
Quando assisti ao Vibrant hands foi como ouvir com o olho; ou como ver com o ouvido; ou como “ouviver”. Difícil tentar “fixar a vertigem” da ambígua percepção sinestésica desse short film by Patrícia Lino: sinto que a imagem do som e o som da imagem se revelam/reverberam na fotografia de Glauber Rocha enquadrando o ouvido com as mãos para focalizar o som entre os dedos. Para traduzir esta trama sensorial com as palavras dos textos só se inventasse um "verbo alquímico". Resta dizer que, antes de ser metafísico, é um salto: de Ana Hatherly para o alto – até o azul.
Gaya, Painter
É uma homenagem completa. Ópera, filme, escrita, música, fotografia, desenho; todos os domínios de comunicação que Ana Hatherly sempre e continuamente subverteu. Não por mero acaso, são também todos estes os domínios de que dispõe Patrícia Lino, na curta Vibrant Hands. Ao longo de cerca de 10 minutos, as imagens brincam com os batuques, jogam com os silêncios e gracejam com a poesia, sempre a querer transcender os confins da discursividade, de Hatherly. Vibrant Hands executa assim o desiderato Hatherliano da “Imagina-acção,” e responde, com audácia e complexidade, à responsabilidade poética da desordem.
Patrícia Martins Marcos, Historian