PRIMEIRO E ÚLTIMO DIÁLOGO
Never again would birds' song be the same. And to do that to birds was why she came. Robert Frost – Quantos poemas há sobre isto em quantas línguas tremendas efémeras não houve quem jurasse ter amado tanto mais que os outros mais que todos mais que os que virão Quantos tremelicando e tropeçando não terão dito de olhos postos num umbigo numa braguilha ou num dedo eu amo-te serei para ti mais que asa e tempestade Acontecemos por séculos e há séculos de nós nas bibliotecas – É este porém o nosso modo de falar desde os inícios dos tempos de joelhos unidos com a língua a roçar estas mesmas palavras porque nos deram mais que tudo palavras e não outra coisa Este modo este mesmo modo com que me ergo e afasto os dentes e assopro o lábio esquerdo enquanto me esperas com os olhos a alargarem-se expansivos por debaixo dos meus |
Não te movas ainda não te movas agora que a luz se abriu
O teu nome está na minha cabeça onde começa a minha cabeça (Mãos serpenteadas furiosas abertas) — Aqui. Aqui: – Eu amo-te serei para ti mais que asa e tempestade que ao amor esse bicho forte não bastam os séculos nem nós de facto tão pouco diferentes pelos séculos adentro – O acidente magnânimo que é o amor – O acidente único e consecutivo que ele é sobre estas pálpebras tão frágeis Como vou eu suportar o amor – Como vou eu abrir os olhos ao amor |
Brazil (Modo de Usar & Co., 2014). Presented in Portugal (2018) and the US (2019)..