CORO DAS AMÉRICAS
and then I could not see to see Emily Dickinson Não morremos uma mulher de olhos cobertos rezava freneticamente entre os trovões impressionantes três gritos, o coro mais desafinado das Américas e os dedos apertadíssimos Quase morremos mas não morremos não saiu, meu amor, obviamente nas notícias ninguém lerá sobre um avião que quase caiu ninguém lerá sobre nós que quase morremos Morrer entre São Paulo e o Rio de Janeiro seria trágico, mas nem tão trágico assim pois como não há mistério na vida não há também na morte mistério nenhum |
Olhávamo-nos com espanto, os pés gelados
sobre a garantia de estarmos vivos as pálpebras trementes Como quis dizer-te que não tive medo, e não o tive consumiu-me antes o fim da linguagem, o início do amor os lábios premidos em Guaratinguetá Quase morremos mas não morremos e ainda assim não esperas que abra eu o abacate (do café da manhã, no fim da cozinha estreita, com as duas mãos; o meu grande e literário logro fervido o café entre as gatas e a luz) É pena porque o aprendi com os de cá e há uma técnica De frente para a morte são elas, as técnicas, que importam pelo teu sorriso a abrir-se à nossa inocência compartilhada sobre os abacates e os cigarros que fumávamos para adiar a escuridão
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Brazil, 2017-2018. Presented and performed in the US (2018), Portugal (2018) and Mexico (2019).