LIVRARIA MEGAFAUNA
MODOS DE VER:
A POESIA EXPANDIDA NAS AMÉRICAS
PROFESSORA PATRÍCIA LINO
[[email protected]]
MODOS DE VER:
A POESIA EXPANDIDA NAS AMÉRICAS
PROFESSORA PATRÍCIA LINO
[[email protected]]
Que me desculpem os poetas. Eu não os ataco para molestá-los e com gosto farei homenagem aos altos valores pessoais de muitos deles; mas o cálice dos seus pecados já se encheu. É preciso abrir as janelas desta hermética casa e pôr seus habitantes ao ar fresco, é preciso sacudir a pesada, majestosa e rígida forma que os oprime. Pouco me importa que insultem a mim ou a minha nota. – Por acaso posso esperar que aceitem um julgamento que tira sua razão de ser? – E, além disso, minhas palavras estão destinadas à nova geração. O mundo se veria em situação desesperadora se a cada ano não entrasse um novo contingente de seres humanos, frescos, livres do passado, não comprometidos com ninguém nem com nada, não paralisados por postos, glórias, obrigações e responsabilidades, seres, enfim, não definidos pelo que já fizeram, e portanto livres para escolher. WITOLD GOMBROWICZ "CONTRA OS POETAS". 1947. Trad.: Clarisse Lyra e Rodrigo Lobo Damasceno Nel proceso utilizado para domesticar poetas, el aplauso, el consenso elogioso, la popularidade, son los fatores más peligrosos. El poeta que sucumbe a la tormenta de los aplausos deve pensar que los imbéciles, que formam la gran massa de los chamados entendidos, non se equivocan nunca: somente aclamam lo inofensivo. El poeta deve desconfiar desse aplauso, desse elogio unânime, que usam para fabricar las grades de sua jaula. Por isso Breton lanzó um alerta lúcido a los poetas al dizer: “La aprobación del público debe ser evitada acima de tutti kuanti”. Pues un poeta domesticado por el elogio tem mais valor para los predicadores de la submissione que los inocentes versificadoresque apresentam como substituto. El poeta domesticado se convierte en ejemplo de la inutilidad de ser libre. Como el león domesticado, es una caricatura grotesca dum gran señor de la liberdade, y seus rugidos adquirem entonces tons de canto de rouxinol. ALDO PELLEGRINI transdelirado al portunhol selvagem por DOUGLAS DIEGUES |
AULA 1 // 26 DE AGOSTO
PARTE 1: APRESENTAÇÕES, APRESENTAÇÃO DO CURSO
PARTE 2: EXPANSÃO, INTERMEDIALIDADE OU HIBRIDEZ
2.1. O que é um poema?; 2.2. O que é um poema expandido?; 2.3. Expansão versus livro; 2.4. A universalidade sensata da expansão; 2.5. De Símias de Rodes a Mallarmé; 2.6. Os contemporâneos não sabem ler; 2.7. Como ler um poema expandido?; 2.8. Primeiras manifestações do poema evidentemente expandido na América do Sul: Oswald de Andrade & Inácio Ferreira da Costa, Juan José Tablada, Vicente Huidobro e Carlos Oquendo de Amat.
TEXTOS RECOMENDADOS
ASL Mendonça & Álvaro de Sá, Poesia de Vanguarda no Brasil: de Oswald de Andrade ao Poema Visual, 1983.
Álvaro Faleiros, "Haroldo de Campos e a dobra de Mallarmé", XI Congresso Internacional da ABRALIC, 2008. Acessível aqui.
David Gullentops, Poétique du Lisuel, 2001.
Jan Kwapisz, "The Three Preocupations of Simias of Rhodes", Aitia, 2018. Acessível aqui.
Katherine Shingler, "Perceiving text and image in Apollinaire's calligrammes", Paragraph, 2011. Acessível aqui.
Roland Greene, "Material poetry of the Renaissance / The Renaissance of material poetry: An annotated record of the exhibition", Harvard Library Bulletin 3, 1992. Acessível aqui.
PARTE 3: A INFRALEITURA
3.1. O que é a infraleitura; 3.2. Corporalidade, decolonização, performance académica; 3.3. O corpo da ensaísta em expansão; 3.4. Alguns exemplos práticos de infraleitura.
PARTE 4: EXERCÍCIO PRÁTICO DE INFRALEITURA
[a partir de poemas de José Eduardo Eielson, Mary Ellen Solt, Pedro Xisto, Amelia Etlinger, Philadelpho Menezes, Eugen Gomringer, Mira Schendel ou Norman H. Pritchard]
PARTE 5: CIDADE + ESPACIALIZAÇÃO + MIMESIS, MOVIMENTO E TRIDIMENSIONALIDADE
5.1. O poema e o aparecimento da cidade; 5.2. Flâneur — flâneuse; 5.3. Mimesis e o poema espaciotemporal; 5.4. Dziga Vertov e o kino-eye; 5.5. Luís Aranha e o poema-olho.
PARTE 6: CHARLES BAUDELAIRE + CESÁRIO VERDE + ÁLVARO DE CAMPOS + LUÍS ARANHA
Análise comparada de poemas de Charles Baudelaire, Cesário Verde, Álvaro de Campos e Luís Aranha.
TEXTOS RECOMENDADOS
Cameron Finch, “The Subversive Flâneuse: An Interview with Lauren Elkin”. Acessível aqui.
Lauren Elkin, Flâneuse: Women Walk the City in Paris, New York, Tokyo, Venice, and London, 2017.
Olivia Laing, The Lonely City: Adventures in the Art of Being Alone, 2016.
Sylvia Molloy, “Flâneries textuales: Borges, Benjamin y Baudelaire”, Variaciones Borges 8 (1999). Acessível aqui.
Walter Benjamin, “On some motifs in Baudelaire.” In Walter Benjamin: Selected Writings. Vol. 4, 1938-1940.
Walter Benjamin, Charles Baudelaire: A Lyric Poet in the Era of High Capitalism, 1983.
PATRÍCIA LINO. INFRALEITURA. DIAGRAMA 1. 2022.
DZIGA VERTOV. MAN WITH A MOVIE CAMERA. 1929.
ATIVIDADE 1, AULA 1: O QUE É UM POEMA?
I EXERCÍCIO DE INFRALEITURA
AULA 2 // 2 DE SETEMBRO
PARTE 1: ANTROPOFAGIA, EXPANSÃO E ANTICOLONIALISMO
1.1. Antropofagia e reciclagem; 1.2. Expansão antropófaga; 1.3. A intermedialidade é sempre política. 1.4. Cinema e colagem.
PARTE 2: READY MADE, COLETIVIDADE E NÃO-ORIGINALIDADE
2.1. Marcel Duchamp e Oswald de Andrade; 2.2. Os primeiros modernistas e o princípio da coletividade (Semana de Arte Moderna, outras colaborações interdisciplinares); 2.3. Apropriações artísticas recentes do Theatro Municipal de São Paulo (Emicida, Exposição "Contramemórias"); 2.4. Contra o estatuto da(o) a(o) autor(a) ocidental.
PARTE 3: LIVROS DE POEMAS COM DESENHOS: INFANTILIDADE E HIBRIDEZ
3.1. Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo (1918-19); 3.2. Feuilles de Route (1924); 3.3. Pau Brasil (1925); 3.4. Quelques Visages de Paris (1925); 3.5. Primeiro Caderno do Alumno de Poesia Oswald de Andrade (1927); 3.6. O Mundo do Menino Impossível (1927).
TEXTOS RECOMENDADOS
Benedito Nunes, “A antropofagia ao alcance de todos”, Obras Completas de Oswald de Andrade, VI, Do Pau-Brasil à Antropofagia e às Utopias, 1970.
Décio Pignatari, “Marco zero de Andrade”, ALFA: Revista de Linguística, v. 5, Unesp, 2001.
Eduardo Viveiros de Castro, Encontros, 2008.
Gérard Genette, Palimpsests: Literature in the Second Degree, 1997.
Gilberto Mendonça Teles, Vanguarda Europeia e Modernismo Brasileiro, 1985.
Haroldo de Campos, “Da razão antropofágica: diálogo e diferença na cultura brasileira”, Metalinguagem & Outras Metas, 1992.
Leila Perrone-Moisés, “Literatura comparada, intertexto e antropofagia”, Flores da Escrivaninha, 1990.
Linda Hutcheon, Uma Teoria da Paródia, 1985.
Marjorie Perloff, Unoriginal Genius: Poetry by Other Means in the New Century, 2010.
Kenneth David Jackson, "A View on Brazilian Literature: Eating the "Revista de Antropofagia", Latin American Literary Review, 1978.
Kenneth Goldsmith, Uncreative Writing. Managing Language in the Digital Age, 2011.
PARTE 4: EXERCÍCIO DE POEMA E DESENHO
PARTE 5: ÁLBUM DE PAGU + QUADRINHOS
4.1. A produção interdisciplinar das mulheres: Patrícia Galvão; 4.2. Interdisciplinaridade e feminismo: Álbum de Pagu (1929); 4.3. Álbum de Pagu e os quadrinhos; 4.4. Os quadrinhos feministas de Pagu para O Homem do Povo.
PARTE 6: DIA GARIMPO
5.1. A produção interdisciplinar das mulheres: Julieta Barbara; 5.2. Um livro de poemas com desenhos esquecido pela crítica: Dia Garimpo (1939); 5.3. Análise de “Mãe gentil”.
PARTE 7: ANOS 80-2000: LIVROS DE POEMAS COM DESENHOS
6.1. Zuca Sardan, Eustáquio Gorgone de Oliveira, Jorge Lima Barreto, Mário Vaz, Nicolas Behr, Waly Salomão, Ana Cristina Cesar, Manoel de Barros, Hilda Hilst e Douglas Diegues; 6.2. Sebastião Nunes e Juan Luis Martinez.
PARTE 8: SIGNATARI: OSWALD PSICOGRAFADO
PARTE 9: EXERCÍCIO DE POESIA EM QUADRINHOS
TEXTOS RECOMENDADOS
Pagu, Autobiografia Precoce, 1940.
Augusto de Campos, Pagu: Vida-Obra, 1982.
José Roberto Aguilar; Lucila Meirelles; Pichi Martinari, Julieta é Bárbara, 2011.
Mariano Marovatto, “Dia Garimpo”, Dia Garimpo, 2022.
(esq.) PAGU. ÁLBUM DE PAGU. 1929.
(dir.) JUAN LUIS MARTíNEZ. SIN TÍTULO. 1985.
(dir.) JUAN LUIS MARTíNEZ. SIN TÍTULO. 1985.
EXERCÍCIO DE POEMA E DESENHO
AULA 3 // 9 DE SETEMBRO
PARTE 1: APRESENTAÇÃO DOS POEMAS EM QUADRINHOS
PARTE 2: NÃO-COMUNICAÇÃO, ANTI-LOGOCENTRISMO E CODIFICAÇÃO
2.1. O princípio subtrativo da composição; 2.2. Uma erótica da interpretação. 2.3. O aparecimento da(o) leitor(a); 2.4. Colaboração autoral.
PARTE 3: INTRODUÇÃO À POESIA CONCRETA
3.1. “Plano-piloto para poesia concreta” (1958); 3.2. O poema como um objeto intrincado; 3.3. A verbivocovisualidade. 3.4. Análise de poemas de Edgard Braga, Ronaldo Azeredo, Augusto de Campos, Felipe Ehrenberg e Décio Pignatari.
PARTE 4: AUGUSTO DE CAMPOS, 5 DÉCADAS DE PRODUÇÃO
4.1. Filosofia do NÃO; 4.2. O NÃO como arte poética; 4.3. Poema concreto de intervenção; 4.4. Poema concreto criptogramático.
PARTE 5: EXERCÍCIOS DE INFRALEITURA
PARTE 6: REFLEXÃO E DEBATE SOBRE OS EXERCÍCIOS DE INFRALEITURA
PARTE 7: AUGUSTO DE CAMPOS, 5 DÉCADAS DE PRODUÇÃO
7.1. A verbivocovisualidade e as redes sociais; 7.2. O poema "concreto" no instagram.
TEXTOS RECOMENDADOS
Augusto de Campos, Verso, Reverso, Controverso, 2009.
Augusto de Campos, Poesia da Recusa, 2011.
Augusto de Campos, Viva Vaia. Poesia 1949-1979, 2014.
Augusto de Campos, Poesia Antipoesia Antropofagia & Cia., 2015.
Augusto de Campos; Haroldo de Campos; Décio Pignatari, “Plano-piloto para poesia concreta”, 1958. Acessível aqui, em português e aqui, em espanhol.
Gonzalo Aguilar, Poesia Concreta Brasileira: As Vanguardas na Encruzilhada Modernista, 2005.
Haroldo de Campos, “The Ex-centric’s Viewpoint: Tradition, Transcreation, Transculturation: Second thoughts: the dialectics of subaltern and overaltern literary models", Haroldo de Campos: A Dialogue with the Brazilian Poet, org.: Kenneth David Jackson, 2005.
Marjorie Perloff, Radical Artifice: Writing Poetry in the Age of Media, 1991.
Susan Sontag, “Against interpretation”, Against Interpretation and Other Essays, 1969.
(esq.) AUGUSTO DE CAMPOS. NÃO. 1990.
(dir.) PATRÍCIA LINO. DAEDALUS 22/1. 2021.
AUGUSTO DE CAMPOS. O MITO. 2019.
AULA 4 // 16 DE SETEMBRO
PARTE 1: INTRODUÇÃO AO NEOCONCRETISMO
1.1. O corpo material; 1.2. Co-autoria; 1.3. Leitura corporal.
PARTE 2: O CORPO SEM ÓRGÃOS DE LYGIA CLARK
2.1. Objetos relacionais; 2.2. A performance e o regresso ao ventre; 2.3. Performance e terapia.
PARTE 3: OS POEMAS TRIDIMENSIONAIS DE FERREIRA GULLAR
3.1. "Teoria do não-objeto"; 3.2. Livro-poema; 3.3. Poema tridimensional; 3.4. Poema espacial.
PARTE 4: DEPOIS DE GULLAR: POEMA-OBJETO COLABORATIVO
Nicanor Parra, Juan Luis Martínez, Joan Brossa, Lenora de Barros.
TEXTOS RECOMENDADOS
Vári_s autor_s, Poesia Neoconcreta, org.: Luiz Guilherme Ribeiro Barbosa, Renato Rezende, Sergio Cohn, 2021.
PARTE 4: INTRODUÇÃO AO POEMA/PROCESSO
PARTE 5: A AVE DE WLADEMIR DIAS-PINO
PARTE 6: DUAS MANIFESTAÇÕES DO POEMA/PROCESSO
6.1. Poemas/processo em quadrinhos; 6.2. Os inimigos da poesia: "Rasga-rasga", Arte no Aterro, exibição de Apocalipopótese (1969) de Raymundo Amado, Pirapora, Feira de Arte de Recife; 6.3. Poemas comestíveis (Edgardo Antonio Vigo, Anna Bella Geiger, Artur Barrio, Bartolomé Ferrando, Grupo Escombros); 6.4. Poesia viva (Paulo Bruscky, Unhandeijara Lisboa, Luis Pazos, Letícia Parente, Ivald Granato & Ulises Carrión, Lenora de Barros, Bartolomé Ferrando).
PARTE 7: OS POEMAS PERFORMÁTICOS DE NEIDE DE SÁ
7.1. Visualidade e descodificação; 7.2. Espaço, fragmentação e performance; 7.3. O fim do alfabeto é o corpo ou o poema ludoterapêutico.
TEXTOS RECOMENDADOS
Gustavo Nóbrega, Poema/Processo: Uma Vanguarda Semiológica, 2017.
Mário Margutti, Do Poema Visual ao Objeto-Poema. A Trajetória de Neide Sá, 2014.
Paulo Ramos, A Leitura dos Quadrinhos, 2010.
Wlademir Dias-Pino, Processo: Linguagem e Comunicação, 1975.
PARTE 8: MANIFESTAÇÕES RECENTES DO POEMA EXPANDIDO BRASILEIRO
8.1. Lenora de Barros (1953-); 8.2. Leonilson; 8.3. Arnaldo Antunes (1960-); 8.4. Eduardo Kac (1962-).
TEXTOS E LINKS RECOMENDADOS
Arnaldo Antunes, Como é que Chama o Nome Disso, 2006.
Website de Eduardo Kac: https://www.ekac.org/.
Lenora de Barros, Relivro, 2011.
Mariana Baltazar, Escrever Leonilson: Expansão da Poesia, 2022.
(esq.) LYGIA CLARK. MÁSCARA ABISMO. 1968.
(dir.) MANIFESTANTES DO POEMA/PROCESSO SEGURAM CARTAZES NO CENTRO DO RIO. 1968. [FOTOGRAFIA: JACOB/CPDoc JB.]
(dir.) MANIFESTANTES DO POEMA/PROCESSO SEGURAM CARTAZES NO CENTRO DO RIO. 1968. [FOTOGRAFIA: JACOB/CPDoc JB.]
LENORA DE BARROS. ESTUDO PARA FACADAS. 2012.
ALISON C. ROLLINS. A BELL IS A MESSENGER OF TIME. 2022.